http://www.dx.doi.org/10.14718/ACP.2018.21.1.2

Cyberbullying e Estratégias de Coping em Adolescentes do Sul do Brasil

Cyberbullyingy estratégias de afrontamiento en adolescentes del sur de Brasil

Cyberbullying and coping strategies in adolescents from Southern Brazil

Caroline Louise Mallmann1*
Carolina Saraiva de Macedo Lisboa1
Tiago Zanatta Calza2

1 Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul,
2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul

* Avenida Ipiranga, 6681, Prédio 11, Sala 929. Porto Alegre-rs, Brasil. cep: 90619-900. Telefone: (+5551) 33537750. carolinemallmann@hotmail.com

Recibido, diciembre 14/2016
Concepto de evaluación, abril 28/2017
Aceptado, mayo 29/2017

Referencia: Mallmann, C. L., Lisboa, C. S. M. & Calza, T. Z. (2018). Cyberbullying e estratégias de coping em adolescentes do sul do Brasil. Acta colombiana de Psicología, 21(1), 13-22. doi: http://www.dx.doi.org/10.l4718/ACP.2018.21.1.2



Resumo

Cyberbullying é definido como um fenômeno que envolve comportamentos agressivos, intencionais e repetitivos, realizados através de meios eletrônicos, ao longo de um determinado período, e perpetrados por um indivíduo ou grupo contra uma vítima que apresenta dificuldade em se defender. Já estratégias de coping são um conjunto de esforços cognitivos e comportamentais mutáveis, utilizados para lidar com exigências internas ou externas, avaliadas pelo indivíduo como excessivas aos seus recursos. O presente trabalho teve por objetivo investigar a prevalência de cyberbullying em adolescentes de duas cidades do Rio Grande do Sul (Brasil), bem como sua relação com as estratégias de coping. Participaram do estudo 273 adolescentes (M = 14.91 anos; DP = 1.45), habitantes da capital e de uma cidade do interior do Estado. Estes foram convidados a responder a um questionário de dados sociodemográficos, bem como às escalas Revised Cyberbullying Inventory e ao Inventário de Estratégias de Coping de Folkman e Lazarus. Os resultados indicaram que 58 % dos adolescentes se enquadravam em alguma categoria de agressão. Além disso, as médias das estratégias de coping de autocontrole, suporte social e fuga-esquiva foram significativamente maiores para as vítimas que para os não envolvidos. Por sua vez, a estratégia de confronto foi maior para as vítimas-agressores que para os não envolvidos. Discutem-se a grande incidência de cyberbullying na amostra pesquisada e a prevalência de estratégias de coping mencionadas.

Palavras-chave: Adolescência, cyberbullying, estratégias de coping, psicologia escolar.



Resumen

El cyberbullying es definido como un fenómeno que involucra comportamientos agresivos, intencionales y repetitivos perpetrados por un individuo o un grupo a través de medios electrónicos durante un periodo determinado contra una víctima que presenta dificultades para defenderse. Por otra parte, las estrategias de afrontamiento (coping) son un conjunto de esfuerzos cognitivos y comportamentales cambiantes, utilizados para lidiar con exigencias internas o externas evaluadas como que exceden o desbordan sus recursos personales. El presente trabajo tuvo por objetivo investigar la prevalencia del cyberbullying en adolescentes de dos ciudades de Rio Grande do Sul (Brasil), así como su relación con las estrategias de afrontamiento. En total, participaron 273 adolescentes (M = 14.91 años; DE = 1.45), habitantes de la capital y de una ciudad del interior del Estado, que respondieron una encuesta de datos sociodemográficos, la escala Revised Cyberbullying Inventory y el Inventário de Estratégias de Coping de Folkman y Lazarus. Los resultados indicaron que el 58 % de los adolescentes se encuadraba en alguna categoría de agresión; y que los promedios de las estrategias afrontamiento de autocontrol, soporte social y escape-huida resultaron ser significativamente mayores para las víctimas que para los no involucrados. Asimismo, la estrategia de confrontación fue más utilizada por las víctimas-agresores que por los no involucrados. Al final se discute sobre la gran incidencia del cyberbullying en la muestra investigada, así como la utilización de las estrategias de afrontamiento mencionadas.

Palabras clave: Psicología escolar, cyberbullying, adolescencia, estrategias de coping.



Abstract

Cyberbullying is defined as a phenomenon that involves aggressive, intentional and repetitive behaviors, carried out through electronic means, during a given time, and perpetrated by an individual or group against a defenseless victim. Coping strategies are a range of changeable cognitive and behavioral efforts used to cope with internal and external demands appraised by the individual as excessive to their resources. This paper aims to investigate the prevalence of cyberbullying among adolescents of two cities in Rio Grande do Sul (Brazil), and its relationship with coping strategies. 273 adolescent boys and girls (M = 14.91 years; SD = 1.45), living in the State capital and in a countryside town took part in this study. Participants were asked to respond to a socio-demographic questionnaire, as well as to the Revised Cyberbullying Inventory and the Coping Strategies Inventory by Folkman and Lazarus. Results indicated that 58 % of the adolescents were included in at least one category of aggression. In addition, the statistical means for self-control, social support and avoidance coping strategies were significantly higher for the victims compared to the not-involved youth. On the other hand, victims-aggressors scored higher on the confrontation strategies than the not involved ones. The great incidence of cyberbullying is discussed, as well as the prevalence of the abovementioned coping strategies.

Key words: School psychology, cyber-bullying, adolescence, coping strategies.



INTRODUÇÃO

Com a disseminação das Tecnologias de Informação e Comunicação (tics) e das mídias sociais, o uso desses meios entre adolescentes cresceu substancialmente nos últimos anos (Sevcíková, Smahel, & Otavová, 2012). No Brasil, em uma pesquisa realizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef, 2013) com adolescentes entre 12 e 17 anos, 64 % referiram estar on-line diariamente, sendo a comunicação com os amigos uma das principais razões desse uso. Identifica-se, desse modo, que a internet e outros aparatos tecnológicos tornaram-se parte essencial da vida social dos jovens. Entretanto, ao mesmo tempo que essas tecnologias podem oferecer diversos benefícios, também podem ser um meio para a realização de agressão eletrônica, na qual se destaca o cyberbullying (Palfrey & Gasser, 2011).

Ainda não há na literatura um consenso quanto à definição de cyberbullying (Dredge, Gleeson, & Garcia, 2014). No entanto, uma das formulações mais aceitas é a proposta por Slonje e Smith (2008), que deriva da concepção de Olweus (1993) sobre o bullying tradicional. De acordo com esses autores, cyberbullying pode ser compreendido como um comportamento agressivo, intencional e repetitivo, realizado através de meios eletrônicos ao longo de um determinado período, e perpetrado por um indivíduo ou grupo contra uma vítima que apresenta dificuldades em se defender (Slonje & Smith, 2008). Assim, trata-se de um processo de interação e expressão de agressividade, no qual ocorre abuso de poder de forma sistemática, através do uso das tics (Smith, Steffgen, & Sittichai, 2013).

As agressões eletrônicas podem assumir diferentes formas e geralmente envolvem o uso de computadores, telefones celulares e tablets com acesso à internet. Tais tecnologias são utilizadas para postar, compartilhar ou enviar mensagens, fotos, vídeos ou áudios com conteúdo agressivo, sexualizado ou embaraçoso, a fim de ofender, humilhar, constranger, ameaçar ou agredir a vítima (Li, Smith & Cross, 2012; Menesini & Spiel, 2012). Essas agressões podem ser realizadas através de e-mails, sms, aplicativos de conversas (por exemplo, WhatsApp), redes ou aplicativos sociais (como Facebook, Twitter, Snapchat, Instagram), entre outros meios. No entanto, para que a agressão on-line seja considerada cyberbullying, é preciso que sejam identificados os critérios de desequilíbrio de poder, intencionalidade e repetição (Menesini et al., 2013), pontuados acima.

Mesmo que o cyberbullying apresente algumas características semelhantes ao bullying tradicional, Smith (2012) aponta que há distinções entre os dois fenômenos. Diferentemente do bullying, que ocorre "frente a frente", o cyberbullying é realizado de forma indireta e, em muitos casos, é anônimo. Tais particularidades podem dificultar a defesa da vítima, visto que se torna mais complexo responder efetivamente às agressões quando não se sabe a identidade do perpetrador (Smith et al., 2013). Além disso, enquanto o bullying tradicional é delimitado pelos limites físicos e temporais da escola, o cyberbullying pode ocorrer a qualquer momento, sendo também capaz de alcançar uma audiência muito mais ampla, como quando fotos ou comentários são vistos ou repassados inúmeras vezes (Pham & Adesman, 2015).

Assim, não raro, as vítimas possuem a percepção de que não há um local em que estejam a salvo das agressões, visto que podem aparecer em seu celular ou computador a qualquer momento (Smith, 2012; Li et al., 2012). Por essas razões, hipotetiza-se que o cyberbullying pode representar uma ameaça ainda maior que o bullying em termos de ajustamento psicossocial das vítimas.

Em um estudo canadense conduzido por Li (2007), 25 % dos participantes referiram ter sido vítimas de cyberbullying. Já em uma pesquisa realizada nos Estados Unidos com adolescentes, 16 % relataram terem sido vítimas de cyberbullying (Schneider, O'Donnell, Stueve, & Coulter, 2012). Percentuais mais elevados foram obtidos por Walrave e Heirman (2013), apontando 34 % de vítimas. Entretanto, outros estudos indicaram índices mais baixos, que oscilaram de 5 % a 12 % (Beckman, Hagquist, & Hellström, 2013; Campbell, Spears, Slee, Butler, & Kift, 2012; Slonje & Smith, 2008; Smith et al., 2008; Ybarra, Boyd, Korchmaros, & Oppenkeim, 2012).

Embora em menor número em relação aos países desenvolvidos, também o contexto latino-americano tem estudado a temática. Um estudo no Peru indicou que 24.7 % da amostra reportou ter sido vítima de cyberbullying (Amemiya et al., 2013), enquanto em outro, no Chile, 11.4 % disseram ter sido vítimas (Varella, Pérez, Schwaderer, Astudillo, & Lecannelier, 2014). Já no Brasil, os resultados de uma investigação mostraram que 67.3 % da amostra relatou ao menos um episódio de ciberagressão, enquanto 63.8 % declararam ao menos um episódio de cibervitimização nos últimos seis meses (Oliveira, 2016). Em outro trabalho, Wendt (2012) encontrou prevalências de 75.6 % para ciberagressão e 72.7 % para cibervitimização. Por sua vez, deve-se atentar que os papéis de agressão não são necessariamente fixos. Ou seja, além de vítimas e agressores, também pode haver vítimas-agressores, que são os que, além de sofrer agressões, também as realizam, seja em relação aos próprios agressores, seja contra outras vítimas.

Em relação a diferenças de gênero e faixa etária, ainda não há consenso na literatura. No entanto, algumas pesquisas apontam maiores índices de ciberagressão e cibervitimização em meninas do que em meninos (Beckman et al., 2013; Smith et al., 2008). Esses dados são semelhantes aos encontrados para as formas indiretas de bullying tradicional (como espalhar histórias maldosas ou fofocas), em que meninas tendem a estar mais envolvidas que meninos (Smith, 2004). Além disso, estudos também apontam que adolescentes entre 12 e 17 anos estão mais envolvidos no cyberbullying do que estudantes mais jovens (Slonje & Smith, 2008; Slonje, Smith, & Frisén, 2012).

Pesquisas têm apontado associação positiva entre vitimização eletrônica e a presença de prejuízos psicossociais importantes. Esse tipo de agressão tem sido associado a sintomas depressivos, ansiedade social e baixa autoestima (Baker & Tanrikulu, 2010; Patchin & Hinduja, 2010; Jung et al., 2014; Nixon, 2014; Landoll, La Greca, Lai, Chan, & Herge, 2015). Além disso, estudos indicam relação entre vitimização por cyberbullying e níveis elevados de desconfiança, raiva, culpa e solidão nos envolvidos (Beran & Li, 2005; Brewer & Kerslake, 2015; Lonigro et al., 2014). Dificuldades acadêmicas, ideação suicida e, em casos mais extremos, tentativas de suicídio também têm sido apontadas como características do fenômeno (Hinduja & Patchin, 2010; Brown, Demaray, & Secord, 2014; Van Geel, Vedder, & Tanilon, 2014). Ainda, há evidências de associação entre cibervitimização e problemas externalizantes, como transtorno de conduta (Jung et al., 2014).

No entanto, os efeitos da vitimização por cyberbullying são variados e dependem de múltiplos fatores, não apenas da ocorrência do fenômeno em si (Kowalski, Limber, & Agatston, 2012). Em pesquisa conduzida por Cassidy e Taylor (2005), por exemplo, adolescentes vítimas de bullying tradicional apresentam maior sofrimento psicológico quando utilizaram estratégias de coping inefetivas, como baixa resolução de problemas. Assim, pode-se inferir que o uso dessas estratégias (utilizadas para lidar com demandas avaliadas como excessivas) por vítimas em face ao cyberbullying também podem desempenhar um papel fundamental no sentido de atenuar ou potencializar os efeitos negativos decorrentes da agressão.


Estratégias de Coping e Cyberbullying

O Modelo Transacional de Stress e Coping (MTSC), postulado por Lazarus e Folkman (1984), compreende o estresse como exigências específicas, internas ou externas, avaliadas pelo indivíduo como mentalmente exigentes ou excessivas aos seus recursos, sendo resultante da interação entre este e o ambiente. Para lidar com essas demandas, a pessoa lança mão de estratégias de coping, que se referem a um conjunto de esforços cognitivos e comportamentais mutáveis, específicos de um determinado contexto. Desse modo, a avaliação de uma situação como estressora e a consequente utilização de estratégias de coping dependem da combinação de aspectos ambientais com características individuais (Lazarus & Folkman, 1984).

De acordo com o MTSC, o processo de coping inicia com uma avaliação cognitiva do ambiente, que busca averiguar se alguma situação ou acontecimento coloca em risco o bem-estar do indivíduo. Essa avaliação é chamada de primária. Já na avaliação secundária, é analisado o que pode ser efeito para superar os estressores ou prevenir danos (Folkman, Lazarus, Dunkel-Schetter, DeLongis, & Gruen, 1986). A partir dessas avaliações e dos recursos individuais disponíveis, serão escolhidas e postas em prática as estratégias de coping (Raskauskas & Huynh, 2015). O processo de coping é continuamente mediado por reavaliações cognitivas que se dão a partir de modificações da relação indivíduo-ambiente (Lazarus & Folkman, 1984).

As estratégias de coping podem ser divididas em dois grupos principais, de acordo com as funções que exercem: coping focado na emoção e coping focado no problema. As estratégias focadas na emoção têm como objetivo regular as emoções desencadeadas pela situação estressora e geralmente são utilizadas quando há a avaliação de que nada pode ser feito para modificar as condições ambientais desfavoráveis (Lazarus & Folkman, 1984). Algumas dessas formas de coping são processos cognitivos direcionados à diminuição do estresse emocional, como a reavaliar positivamente o ocorrido ou evitar pensar sobre ele. O coping focado na emoção também envolve comportamentos que visam reduzir a ativação emocional decorrente do estressor, como fazer uso de drogas, por exemplo (Aldwin, 2010). Por outro lado, as estratégias de coping focadas no problema são aquelas que buscam manejar ou resolver as dificuldades encontradas, sendo mais utilizadas quando há a percepção de que a situação é passível de modificação (Lazarus & Folkman, 1984). Essas estratégias envolvem tanto formas de alterar diretamente pressões ambientais quanto de realizar mudanças internas, como, por exemplo, desenvolver novas habilidades e adquirir outras aspirações.

Na adolescência, o incremento das capacidades metacognitivas do indivíduo faz com que as estratégias de coping apresentem diferenças em comparação às utilizadas na infância (Compas, Connor-Smith, Saltzman, Thomsen, & Wadsworth, 2001). Através do desenvolvimento da metacognição, o adolescente consegue ponderar quais consequências sociais e emocionais podem advir do uso de determinada estratégia e decidir qual é a melhor entre múltiplas alternativas (Skinner & Zimmer-Gembeck, 2011). Assim, é esperado que, nessa fase, ocorra maior diversidade e flexibilidade de formas de coping disponíveis — como busca de apoio social fora da família e formas mais sofisticadas de resolução de problemas. No entanto, também na adolescência pode ocorrer o desenvolvimento de estratégias de coping desadaptativas, como evitação, ruminação e uso de álcool e de outras drogas (Aldwin, 2010).

Tendo em vista as diversas consequências associadas à vitimização por cyberbullying, identifica-se que esse tipo de agressão é um evento potencialmente estressor e representa uma ameaça ao bem-estar do adolescente. Desse modo, estratégias de coping focadas no problema, como informar pais, professores, diretores ou outras autoridades sobre o ocorrido, são descritas na literatura como capazes de diminuir o impacto da vitimização (Machmutow, Perren, Sticca, & Alsaker, 2012). Entretanto, pesquisas apontam que os adolescentes, em muitos casos, evitam reportar o ocorrido a adultos, tanto por temer culpabilizações e punições (como a suspensão do uso de internet) quanto por esperar que os pais irão subestimar o problema (Slonje & Smith, 2008; Kowalski et al, 2012). Assim, entre outras estratégias focadas no problema que poderiam ser utilizadas, destacam-se aquelas que envolvem soluções técnicas, como sair de determinado site ou rede social, permanecer off-line por algum tempo, bloquear contato, entre outras (Jacobs, Dehue, Völlink, & Lechner, 2014; Palladino, Nocentini, & Menesini, 2012).

Por outo lado, estratégias de coping focadas na emoção incluem vingar-se do agressor, evitar pensar sobre o ocorrido, deletar mensagens e fazer uso de álcool e de outras drogas (Jacobs et al, 2014). No entanto, essas estratégias mostram-se inefetivas para o manejo do cyberbullying, bem como têm sido associadas a sintomas depressivos e a outros quadros psicopatológicos (Na, Dancy, & Park, 2015; Völlink, Bolman, Eppingbroek, & Dehue, 2013). Torna-se relevante, portanto, identificar também quais estratégias têm sido utilizadas para o manejo do cyberbullying. Assim, o objetivo do presente estudo é identificar associações entre agressão, vitimização, agressão-vitimização e não envolvimento no cyberbyllying com a utilização de diferentes tipos de estratégias de coping por adolescentes brasileiros.


MÉTODO


Participantes

Participaram deste estudo 273 estudantes (M = 14.91 anos, DP = 1.45), sendo 48.7 % da amostra composta por meninas (N = 133), e 51.3 %, por meninos (N = 140), provenientes dos municípios de Porto Alegre e de Taquari, Rio Grande do Sul, Brasil. Optou-se por participantes entre 13 e 18 anos devido à maior prevalência de envolvidos no cyberbullying estar nessa faixa etária (Slonje & Smith, 2008; Tokunaga, 2010).

O tamanho da amostra foi definido com auxílio do software G*Power, considerando-se erro β de 80 % e nível de significância de 0.05. Esse cálculo indicou a necessidade de, no mínimo, 150 participantes, para que fosse possível realizar as análises estatísticas pretendidas. Foram excluídos da amostra os adolescentes que demonstraram dificuldades importantes em compreender os instrumentos que compunham o estudo (através de seu próprio relato ou do professor que acompanhou as aplicações).


Instrumentos

Questionário de dados sociodemográficos. Trata-se de um instrumento desenvolvido para este estudo; contém questões sobre idade, sexo, escola e nível escolar do participante.

Revised Cyberbullying Inventory (RCBI). O envolvimento no cyberbullying foi acessado através do RCBI (Topcu & Erdur-Baker, 2010). O instrumento é composto por 14 itens, que avaliam a frequência com que o respondente realizou ou sofreu determinadas formas de agressão on-line nos últimos seis meses (por exemplo, "Ameaças em sites, redes sociais ou aplicativos — salas de bate-papo, sms, Facebook, Twitter, Skype, Instagram, WhatsApp, Snapchat etc."). As questões devem ser respondidas em uma escala de quatro pontos, que varia de nunca a mais de três vezes. Cada item deve ser graduado duas vezes, considerando a frequência de acontecimentos relacionados à ciberagressão ("Eu fiz isso.") e à cibervitimização ("Isso aconteceu comigo."). O processo de validação dessa escala foi realizado em população turca, com idades que variam entre 13 e 21 anos, indicando alfas de Cronbach de 0.82 na subescala de ciberagressão e de .75 na escala de cibervitimização (Topcu & Erdur-Baker, 2010). Para esse estudo, foi utilizada a versão adaptada por Wendt (2012) a adolescentes brasileiros e à realidade tecnológica atual, sendo os alfas de Cronbach .75 para a escala de ciberagressão e 0.76 para a de cibervitimização.

Inventário de Estratégias de Coping de Folkman e Lazarus. As estratégias de coping foram acessadas através do instrumento proposto por Savóia, Santana e Mejias (1996), que consiste em uma adaptação para o português do Ways of Coping Questionnaire (Folkman & Lazarus, 1988). Este é um instrumento de autorrelato, que busca avaliar estratégias utilizadas pelo respondente para lidar com situações difíceis e geradoras de estresse. O questionário é constituído por 66 itens, distribuídos em oito subescalas: confronto (por exemplo, "Mostrei a raiva que sentia para as pessoas que causaram o problema."), afastamento (por exemplo, "Procurei esquecer a situação desagradável."), autocontrole (por exemplo, "Procurei guardar para mim mesmo os meus sentimentos."), suporte social (por exemplo, "Falei com alguém sobre como estava me sentindo."), aceitação de responsabilidade (por exemplo, "Me critiquei, me repreendi."), fuga-esquiva (por exemplo, "Procurei fugir das pessoas em geral."), resolução de problemas (por exemplo, "Fiz um plano de ação e o segui.") e reavaliação positiva (por exemplo, "Saí da experiência melhor do que esperava."). Cada item deve ser classificado pelo respondente em uma escala tipo Likert de quatro pontos, que varia de "não usei esta estratégia" a "usei em grande quantidade".

Embora os alfas de Cronbach não tenham sido testados, na adaptação da escala do Ways of Coping Questionnaire para o português por Savóia et al. (1996), a análise fatorial confirmatoria indicou que grande parte dos itens se agrupa aos oito fatores de forma semelhante ao estudo original (Folkman & Lazarus, 1988), apresentando correlações positivas entre fatores, de moderadas a altas. Entretanto, esses dados devem ser avaliados com cautela, tendo em vista que essas análises foram realizadas com pequeno número de participantes, o que impediu a extração de evidências de validade. Por essa razão, no presente estudo, utilizou-se a versão em português de Savóia et al. (1996), mas o levantamento dos escores foi feito a partir da distribuição fatorial conforme consta no instrumento original.


Procedimento

Os questionários foram administrados coletivamente, durante períodos de aula, totalizando 1 hora, aproximadamente. Todos os aspectos éticos exigidos foram respeitados. Os alunos foram informados sobre o sigilo das respostas e o caráter voluntário da participação na pesquisa. Pais ou responsáveis assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), e os participantes assinaram o Termo de Assentimento do Adolescente, assegurando a concordância em fazer parte do estudo. Em todas as aplicações, ao menos um pesquisador esteve presente para explicar os objetivos da pesquisa bem como oferecer esclarecimentos sobre possíveis dúvidas.

Antes de iniciar a aplicação, o pesquisador definia o significado de cyberbullying e orientava sobre a forma de preenchimento dos questionários. O RCBI era aplicado antes do Inventário de Estratégias de Coping, com o objetivo de auxiliar os adolescentes na identificação de situações de vitimização on-line. Desse modo, aqueles que foram vítimas de ciberagressão nos últimos seis meses eram solicitados a preencher a escala de avaliação de coping tendo essa situação em mente. Por outro lado, os alunos que não referiam ter sofrido agressão on-line eram instruídos a pensar em alguma situação estressora pela qual tenham passado para responder ao questionário de coping.


Análise de dados

O envolvimento no cyberbullying foi acessado através das respostas dos adolescentes no RCBI. Foram considerados envolvidos no fenômeno os estudantes que indicaram ter perpetrado ou sofrido qualquer um dos tipos de ciberagressão listados no inventário, com uma frequência mínima de "duas ou três vezes" ou "mais de três vezes" nos últimos seis meses. Foram classificados como vítimas os participantes que marcaram apenas as opções "isso aconteceu comigo". Por outro lado, foram categorizados como agressores os jovens que marcaram apenas a opção "eu fiz isso". Vítimas-agressores foram os adolescentes que marcaram as opções "isso aconteceu comigo" e "eu fiz isso" em qualquer um dos tipos de agressão virtual descritos. Os estudantes que referiram ter sofrido "apenas uma vez" ou "nunca" qualquer um dos tipos de agressão on-line listadas foram considerados não envolvidos no cyberbullying.

Os dados foram analisados através do programa estatístico spss 20. Foram realizadas análises descritivas (a fim de investigar as frequências entre os diferentes grupos descritos acima), qui-quadrado (avaliar a prevalência de cyberbyllying quanto ao sexo), análises de variância (comparar médias de coping entre os diferentes grupos) e regressão logística (investigar as chances de um indivíduo pertencer a um grupo ou outro a partir das estratégias de coping utilizadas).


RESULTADOS

A Tabela 1 apresenta a incidência dos grupos de agressores, vítimas, vítimas-agressores e não envolvidos por sexo. Mais da metade dos participantes (58 %) esteve envolvida em cyberbullying, sendo que 12.5 % dos adolescentes referiram ter sido vítimas, 10.3 % indicaram ter sido agressores e 35.2 % foram vítimas-agressores. Meninas demonstraram envolvimento maior do que meninos, sendo essa diferença estatisticamente significativa [X2(1) = 4.90, p < .05]. Testes qui-quadrado indicaram ausência de diferenças significativas ao examinar-se entre os tipos de envolvimento na agressão on-line pelo sexo do participante [X2(3) = 6.83, p < .78].

Tabela 1. Características sobre o sexo dos participantes por grupo

Fonte: elaboração própria.


Os escores médios dos oito tipos de estratégias de coping obtidos por cada grupo de envolvidos no cyberbullying estão descritos na Tabela 2. anovas indicaram diferenças significativas para as estratégias de confronto, autocontrole, suporte social e fuga-esquiva. Análises post hoc, que utilizam a correção de Bonferroni, apontaram que o escore médio da estratégia de coping confronto foi significativamente mais alto em vítimas-agressores do que em não envolvidos. Já vítimas referiram utilizar mais as estratégias de autocontrole, suporte social e fuga-esquiva do que não envolvidos, sendo essas diferenças significativas.

Tabela 2. Médias, desvio-padrão e diferenças entre grupos

Fonte: elaboração própria.


Regressão logística foi realizada para investigar a associação entre ter sido vítima de cyberbullying e o uso de determinadas estratégias de coping. Utilizaram-se para essa análise somente as estratégias de coping que apresentaram, a partir das anovas, diferenças significativas (p <= .05) entre os grupos de envolvimento. A Tabela 3 indica os resultados da análise multivariadas, sendo vitimização a variável dependente e tipos de estratégias de coping as variáveis preditivas. Foi identificada associação significativa entre a vitimização e a utilização da estratégia de fuga-esquiva. Isto é, adolescentes que utilizaram essa estratégia de coping apresentam 17 % mais chances de serem cibervítimas do que jovens que utilizaram outras estratégias.

Tabela 3. Análise de regressão logística que explica variações na cibervitimização com base nas estratégias de coping

Fonte: elaboração própria.


DISCUSSÃO

O percentual de participantes envolvidos no cyberbullying (58 %) mostrou-se superior ao indicado por estudos de referência no tema, que referem uma prevalência entre 20 % e 40 % (Beran & Li, 2005; Smith et al. 2008; Tokunaga, 2010). No entanto, outras pesquisas mais recentes também têm apontado índices mais altos de ocorrência do fenômeno (Völlink et al., 2013; Calvete, Orue, & Gámez-Guadix, 2015). Essas diferenças podem ser explicadas pelo crescente uso de tecnologias entre os adolescentes, que os tornam mais vulneráveis a esse tipo de agressão. Além disso, outro fator a ser considerado é a evolução pela qual passou a pesquisa sobre cyberbullying na última década, a qual permitiu o desenvolvimento de instrumentos mais adequados de avaliação do fenômeno.

Com relação a diferenças entre meninos e meninas no envolvimento com o cyberbullying, mais meninas referiram ter sido vítimas e agressoras, enquanto houve o mesmo número de meninas e meninos que foram vítimas-agressores. No entanto, essas diferenças não foram estatisticamente significativas. Por outro lado, ao comparar-se envolvidos de uma maneira geral (independentemente do papel desempenhado na ciberagressão) com não envolvidos, a frequência entre as meninas foi significativamente mais elevada. Esses achados corroboram a tendência apontada por Li (2007) de que meninas tendem a se envolver mais no cyberbullying —uma forma de agressão em que não há contato físico direto com a vítima— enquanto meninos se envolveriam mais no bullying tradicional, especialmente com agressões físicas. Essas diferenças podem ser compreendidas analisando-se padrões sociais normativos, que atribuem expectativas quanto aos comportamentos de cada gênero (Beckman et al, 2013). Ou seja, enquanto os meninos são socializados a responderem a provocações de forma agressiva, as meninas são socializadas a responderem de forma mais sutil ou indireta (Björkqvist, 1994).

Quanto à relação entre o tipo de envolvimento no cyberbullying e as estratégias de coping utilizadas, vítimas e vítimas-agressores apresentaram diferenças significativas em comparação a não vítimas. Vítimas-agressores demonstraram utilizar mais a estratégia de confronto do que não envolvidos. Essa estratégia diz respeito a manifestações emocionais, expressões de raiva em relação ao agressor e desejo de confronto direto com ele (Folkman & Lazarus, 1988). Desse modo, o fato de a estratégia de confronto ser mais usual em vítimas-agressores pode indicar que a agressão seja uma resposta do indivíduo à vivência anterior de vitimização. No entanto, a confrontação também pode representar um risco para revitimizações, estando associada, inclusive, ao desenvolvimento de sintomas depressivos (Machmutow et al., 2012).

Em relação às vítimas, elas indicaram maior uso de duas estratégias focadas na emoção —autocontrole e fuga-esquiva— em comparação a não vítimas. Na estratégia de autocontrole, os escores médios das vítimas foi quase o dobro do pontuado pelos não envolvidos. Tal diferença indica que as vítimas tendem mais a inibir suas expressões emocionais e comportamentos espontâneos (Folkman & Lazarus, 1988). Tendo em vista que o cyberbullying muitas vezes envolve formas de críticas e humilhação, torna-se compreensível que a vítima desenvolva maior controle socioemocional como forma de evitar que novas agressões ocorram. Esse resultado é condizente com dados apontados na literatura que relacionam a vitimização por cyberbullying a características internalizantes, o que pode gerar sintomas depressivos, ansiedade social, diminuição na autoestima etc. (Cross, Lester, & Barnes, 2015; Hinduja & Patchin, 2010).

Por outro lado, vítimas também apresentaram maiores escores na estratégia de busca de suporte social em comparação a não vítimas. Esse é um dado positivo, tendo em vista que o apoio social é apontado como uma estratégia efetiva para lidar com o cyberbullying e reduzir riscos para o desenvolvimento de psicopatologias (Hinduja & Patchin, 2009; Nixon, 2014; Raskauskas & Huynh, 2015; Völlink et al., 2013). No entanto, para que o suporte social seja uma forma de coping positivo, é necessário que o adolescente tenha pessoas com as quais possa contar, capazes de fornecer tanto auxílio prático quanto apoio emocional (Palladino et al, 2012).

Para a estratégia de coping de fuga-esquiva, vítimas demonstraram fazer mais uso desse modo de enfrentamento do que não envolvidos. Essa forma de coping refere-se à evitação de pensamentos ou situações que remetam ao cyberbullying, muitas vezes através de comportamentos como dormir ou comer excessivamente, fazer uso de drogas ou afastar-se de outras pessoas. Além disso, essa estratégia também pode envolver reavaliações irrealistas da situação como, por exemplo, esperar que as agressões cessem ou desapareçam (Folkman & Lazarus, 1988). A utilização desse tipo de estratégia é associada, em diversos estudos, a sintomas depressivos, ansiedade e baixa autoestima, e manutenção da vitimização (Machmutow et al, 2012; Völlink et al, 2013). Deve-se considerar também que, na regressão logística, fuga-esquiva foi a única variável de coping preditora para a vitimização por cyberbullying. Dessa forma, torna-se importante o desenvolvimento de intervenções que busquem ampliar o repertório de estratégias de coping dos adolescentes e aprimorar aquelas relacionadas a maior bem-estar e promoção de saúde mental.

Algumas limitações devem ser destacadas no presente estudo. Inicialmente, a generalização dos resultados deve ser tratada com cautela, uma vez que foram consideradas para o estudo escolas de apenas duas cidades do estado do Rio Grande do Sul; portanto, a amostra não é representativa. Outro fator a ser avaliado são algumas limitações do Inventário de Estratégias de Coping de Folkman e Lazarus utilizado para identificar-se as estratégias de coping. Optouse por esse instrumento devido à vasta produção científica relacionada ao modelo de estresse e coping formulado por Lazarus e Folkman (1984) e também ao fato de ser um questionário que possui adaptação ao português brasileiro. No entanto, o processo de validação realizado por Savóia et al. (1996) apresentou algumas limitações, como ter utilizado um número de participantes inferior ao necessário (Pacico & Hutz, 2015). Por essa razão, a análise fatorial realizada é passível de questionamentos, fazendo com que, no presente estudo, se tenha optado por fazer o levantamento dos escores de acordo com a versão original da escala (Folkman & Lazarus, 1988). Dessa forma, novos estudos são necessários para avaliar evidências de validade desse instrumento. Além disso, também tornam-se relevantes estudos que busquem desenvolver um instrumento de avaliação de estratégias de coping direcionadas especificamente ao fenômeno do cyberbullying.

Esta investigação teve por objetivo avaliar dados acerca do cyberbullying em adolescentes assim como a relação entre as formas de envolvimento no fenômeno e as estratégias de coping utilizadas. O estudo pode contribuir para o avanço do conhecimento científico sobre o tema, tendo em vista que ainda são escassas as pesquisas brasileiras sobre cyberbullying e estratégias de coping. Ainda, pode auxiliar no desenvolvimento de intervenções que ajudem adolescentes a responder de forma efetiva ao cyberbullying, instruindo-os na busca de apoio social, no aprimoramento de estratégias de resoluções de problemas e na redução da utilização de formas evitativas ou confrontativas de lidar com a agressão.

Ressalta-se, assim, que novos estudos devem buscar identificar a prevalência do cyberbullying em outras regiões do país a fim de se obter um retrato mais fidedigno sobre a ocorrência do fenômeno no Brasil. Além disso, é importante a condução de pesquisas, em população brasileira, que investiguem estratégias de coping específicas ao cyberbullying, bem como as consequências associadas ao seu uso. Nessa direção, também se fazem necessários delineamentos experimentais, como a avaliação de programas de prevenção e manejo do cyberbullying que se enfoquem na psicoeducação e no desenvolvimento de estratégias de coping mais efetivas para lidar com as ciberagressões.



REFERÊNCIAS

Aldwin, C. (2010). Stress and coping across the lifespan. Em S. Folkman (ed.), The Oxford handbook of stress, health, and coping (pp. 15-34). Nova York: Oxford University Press.

Amemiya, I., Oliveros, M., Condorimay, Y., Oliveros, R., Barrientos, A., & Rivas, B. E. (2013). Ciberbullying en colegios privados y estatales de primaria en dos distritos de Lima Metropolitana. Anales de la Facultad de Medicina, 74(2), 91-96.

Baker, Ó. E., & Tanrikulu, i. (2010). Psychological consequences of cyber bullying experiences among Turkish secondary school children. Procedia — Social and Behavioral Sciences, 2(2), 2771-2776.

Beckman, L., Hagquist, C., & Hellström, L. (2013). Discrepant gender patterns for cyberbullying and traditional bullying: An analysis of Swedish adolescent data. Computers in Human Behavior, 29(5), 1896-1903.

Beran, T., & Li, Q. (2005). Cyber-harassment: A study of a new method for an old behavior. Journal of Educational ComputingReaserch, 32(3), 265-277.

Björkqvist, K. (1994). Sex diferences in physical, verbal, and indirect aggression: A review of recent research. SexRoles, 30(3), 177-188.

Brewer, G., & Kerslake, J. (2015). Cyberbullying, self-esteem, empathy and loneliness. Computers in human behavior, 48, 255-260.

Brown, C. F., Demaray, & Secord, S. M. (2014). Cyber victimization in middle school and relations to social emotional outcomes. Computers in Human Behavior, 35, 12-21.

Calvete, E., Orue, I., & Gámez-Guadix, M. (2015). Cyberbullying Victimization and Depression in Adolescents: The Mediating Role of Body Image and Cognitive Schemas in a One-year Prospective Study. European Journal on Criminal Policy and Research, 22(2), 271-284.

Campbell, M. A., Spears, B, Slee, P., Butler, D. A., & Kift, S. M. (2012). Victims' perceptions of traditional and cyberbullying, and the psychosocial correlates of their victimisation. Emotional and Behavioural Difficulties, 17(3-4), 389-401.

Cassidy, T., & Taylor, L. (2005). Coping and Psychological distress as a function of the bully-victim dichotomy in older children. Social Psychology of Education, 8(3), 249-262.

Compas, B. E., Connor-Smith, J. K., Saltzman, H., Thomsen, A. H., & Wadsworth, M. E. (2001). Coping with stress during childhood and adolescence: problems, progress, and potential in theory and research. Psychological Bulletin, 127(1), 87-127.

Cross, D. S., Lester, L. J., & Barnes, A. (2015). A longitudinal study of the social and emotional predictors and consequences of cyber and traditional bullying victimisation. International Journal of Public Health, 60(2), 207-217.

Dredge, R., Gleeson, J., & Garcia, X. P. (2014). Cyberbullying in social media networking sites: An adolescent victim's perspective. Computers in human behavior, 36, 13-20.

Folkman, S., & Lazarus, R. S. (1988). Ways of coping questionnaire: Manual, Instrument, Scoring Guide. Mind Garden.

Folkman, S., Lazarus, R. S., Dunkel-Schetter, C., DeLongis, A., & Gruen, R. J. (1986). Dynamics of a stressful encounter: cognitive appraisal, coping, and encounter outcomes. Journal of Personality and Social Psychology, 50(5), 992-1003.

Fundo das Nações Unidas para a Infância — Unicef (2013). O uso da internet por adolescentes.
Recuperado em http://www.unicef.org/brazil/pt/br_uso_internet_adolescentes.pdf.

Hinduja, S., & Patchin, J. W. (2009). Bullying beyond the schoolyard: Preventing and responding to cyberbullying. Corwin Press: Thousand Oaks, ca.

Hinduja, S., & Patchin, J. W. (2010). Cyberbullying and self-esteem. Journal of School Health, 80(12), 614-621.

Jacobs, N. C. L., Dehue, F., Völlink, T., & Lechner, (2014). Determinants of adolescents' ineffective and improved coping with cyberbullying: A Delphi study. Journal of Adolescence, 37, 373-385.

Jung, Y. E., Leventhal, B., Kim, Y. S., Park, T. W, Lee, S. H., Lee, M., & Park, J. I. (2014). Cyberbullying, problematic internet use, and psychopathologic symptoms among Korean youth. Yonsei Medical Journal, 55(3), 826-830.

Kowalski, R. M., Limber, S. P., & Agatston, P. W. (2012). Cyberbullying in the digital age. West Sussex: Wiley-Blac-kwell.

Landoll, R. R., La Greca, A. M., Lai, B. S., Chan, S. F., & Herge, W M. (2015). Cyber victimization by peers: Prospective associations with adolescent social anxiety and depressive symptoms. Journal of Adolescence, 42, 77-86.

Lazarus, R. S., & Folkman (1984). Stress, appraisal, and coping. Nova York: Springer Publishing Company.

Li, Q. (2007). New bottle, but old wine: A research of cyberbullying in schools. Computers in human behavior, 23, 1777-1791.

Li, Q., Smith, P. K., & Cross, D. (2012). Research into cyberbullying. Em Q. Li, D. Cross, & P. K. Smith (eds.), Cyberbullying in the global playground: Research from international perspectives (pp. 3-12). West Sussex: Blackwell Publishing.

Lonigro, A., Schneider, B., Laghi, F., Baiocco, R., Pallini, S., & Brunner, T. (2014). Is Cyberbullying Related to Trait or State Anger? Child Psychiatry & Human Development, 46(3), 445-454. doi: dx.doi.org/10.1007/s10578-014-0484-0.

Machmutow, K., Perren, S., Sticca, F., & Alsaker, F. D. (2012). Peer victimisation and depressive symptoms: Can specific coping strategies buffer the negative impact of cybervictimisation? Emotional and Behavioral Difficulties, 17(3), 403-420.

Menesini E., & Spiel, C. (2012). Cyberbullying: Development, consequences, risks and protective factors. European Jornal of Developmental Psychology, 9(2), 163-167.

Menesini, E., Nocentini, A., Palladino, B. E., Scheithauer, H., Schultze-Krumbholz, A., Frisén, A., & Blaya, C. (2013). Definitions of cyberbullying. Em P. K. Smith, & G. Steffgen, (eds.), Cyberbullying through the new media: Findings from an international network (pp. 23-36). Londres: Psychology Press.

Na, H., Dancy, B., & Park, C. (2015). College Student Engaging in Cyberbullying Victimization: Cognitive Appraisals, Coping Strategies, and Psychological Adjustments. Archieves of Psychiatric Nursing, 29(3), 155-161.

Nixon, C. L. (2014). Current perspectives: The impact of cyberbullying on adolescent's health. Adolescent Health, Medicine and Therapeutics, 5, 143-158.

Oliveira, J. C. C. (2016). Cyberbullying entre adolescentes usuários de internet: um estudo de levantamento online (dissertação de mestrado). Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora.

Pacico, J. L., & Hutz, C. (2015). Validade. Em C. Hutz, D. Bandeira, & C. Trentini (orgs.), Psicometria (pp. 71-95). Porto Alegre: Artmed.

Palfrey, J., & Gasser, U. (2011). Nascidos na era digital: Entendendo a primeira geração de nativos digitais. Porto Alegre: Artmed.

Palladino, B. E., Nocentini, A., & Menesini, E. (2012). Online and offline peer led models against bullying and cyberbullying. Psicothema, 24(4), 634-639.

Patchin, J. W., & Hinduja, S. (2010). Cyberbullying and selfesteem. Journal of school mental health, 80(12), 614-621.

Pham, T., & Adesman, A. (2015). Teen victimization: Prevalence and consequences of traditional and cyberbullying. Current opinion in pediatrics, 27(6), 748-756.

Raskauskas, J., & Huynh, A. (2015). The Process of Coping with Cyberbullying: A Systematic Review. Aggression and Violent Behavior, 23, 118-125.

Savóia, M. G., Santana, P. R., & Mejias, N. P. (1996). Adaptação do inventário de estratégias de coping de Folkman e Lazarus para o português. Psicologia usp, 1(2), 183-201.

Schneider, S. K., O'Donnell, L., Stueve, A., & Coulter, R. W. (2012). Cyberbullying, school bullying, and psychological distress: A regional census of high school students. American Journal of Public Health, 102(1), 171-177.

Sevcíková, A., Smahel, D., & Otavová, M. (2012). The perception of cyberbullying in adolescent victims. Emotional and behavioural difficulties, 17(3-4), 305-317.

Skinner, E. A., & Zimmer-Gembeck, M. J. (2011). Perceived control and the development of coping. Em S. Folkman (ed.), & P. E. Nathan (series editor), The Oxford handbook of health, stress and coping (pp. 35-62). Nova York: Oxford University Press.

Slonje, R., & Smith, P. K. (2008). Cyberbullying: Another main type of bullying? Personal and social sciences, 49(2), 147-154.

Slonje, R., Smith, P. K., & Frisén, A. (2012). Process of cyberbullying, and fellings of remorse by bullies: A pilot study. European Journal of Developmental Psychology, 2(2), 244-259.

Smith, P. K. (2004). Bullying: Recent developments. Child and adolescent mental health, 9(3), 98-103.

Smith, P. K. (2012). Cyberbullying: Challenges and opportunities for a research program — A response to Olweus. European Journal of Developmental Psychology, 9(5), 553-558.

Smith, P. K., Mahdavi, J., Carvalho, M., Fisher, S., Russel, S., & Tippett, N. (2008). Cyberbullying: Its nature and impact in secondary school pupils. Child psychology and Psychiatry, 49(4), 376-385.

Smith, P. K., Steffgen, G., & Sittichai, R. (2013). The nature of cyberbullying, and the international network. Em P. K. Smith, & G. Steffgen (eds), Cyberbullying through the new media: Findings from an international network (pp. 3-19). Londres: Psychology Press.

Tokunaga, R. S. (2010). Following you home from school: A critical review and synthesis of research on cyberbullying victimization. Computers in human behavior, 26(3), 277-287.

Topcu, Ç., & Erdur-Baker, Ò. (2010). The Revised Cyber Bullying Inventory (RCBI): validity and reliability studies. Procedia Social and Behavioral Sciences, 5, 660-664.

Van Geel, M., Vedder, P., & Tanilon, J. (2014). Relationship between peer victimization, cyberbullying and suicide in children and adolescents. JAMA Pediatrics, 168(5), 435-442.

Varella, J., Pérez, J. C., Schwaderer, H., Astudillo, J., & Lecannelier, F. (2014). Caracterización de cyberbullying en el gran Santiago de Chile, en el año 2010. Revista Quadrimestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, 18(2), 347-354.

Völlink, T., Bolman C., Eppingbroek, A., & Dehue, F. (2013). Emotion-focused coping worsens depressive feelings and health complaints in cyber-bullied children. Journal of Criminology, Article ID 416976, 10 pages.

Walrave, M., & Heirman, W. (2013). Adolescents, online marketing and privacy: predicting adolescents' willingness to disclose personal information for marketing purposes. Children and society, 27(6), 434-447.

Wendt, G. W. (2012). Cyberbullying em adolescentes brasileiros (dissertação de mestrado). Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo.

Ybarra, M., Boyd, D., Korchmaros, J., & Oppenkeim, J. K. (2012). Defining and measuring cyberbullying within the larger context of bullying victimization. Journal of Adolescent Health, 51(1), 53-58.



Inicio